Martha Gabriel argumenta que a IA não é um fenômeno novo, mas suas aplicações estão se expandindo rapidamente, especialmente com a IA generativa, que permite fazer perguntas para análises de tendências. Essas tecnologias abrem novas possibilidades para entender as demandas do mercado de trabalho e as competências necessárias para as profissões do futuro. Como Martha enfatiza, "Não importa a profissão do futuro. O que importa é o agora".
Desde o início da humanidade, a tecnologia tem sido uma parceira ideal para os seres humanos. "Quando inventaram a pá, a parceria foi ótima", exemplifica Martha. Hoje, a IA assume tarefas repetitivas, deixando para os humanos as habilidades interpessoais e criativas, as chamadas soft-skills. Flavia, com 12 anos de experiência em headhunting, observa que a vida profissional mudou significativamente com o advento dessas tecnologias: "A vida de um headhunter de 12 anos atrás é muito diferente do trabalho que esse profissional faz hoje".
Martha Gabriel também ressalta a importância do futurismo para traçar cenários futuros, destacando o pensamento crítico como a habilidade mais importante para desenvolver estratégias eficazes. Ao longo da história, tecnologias como a máquina a vapor, a eletricidade, o computador e, mais recentemente, a IA, transformaram significativamente a sociedade. No entanto, "a diferença é que agora, com a IA, a velocidade da mudança é muito grande, e o cérebro humano não está adaptado a essa velocidade", adverte Martha.
Do ponto de vista dos candidatos, muitas pessoas estão usando ferramentas como o Chat GPT para reescrever seus currículos e perfis no LinkedIn. Martha compartilha a história de um executivo que, enfrentando o etarismo, usou a IA para refazer seu perfil no LinkedIn, o que eventualmente o ajudou a conseguir entrevistas. Essa história ilustra como a IA pode ajudar os candidatos a apresentarem seus currículos de forma mais eficaz, sempre dentro dos limites da verdade. Flavia concorda, ressaltando a importância da honestidade: "Às vezes, o candidato tem certeza de que a vaga é dele, mas na verdade não é. Por isso, eu sou a favor de usar a verdade, seja com ou sem o auxílio de IA".
Contudo, o uso da IA no recrutamento e seleção também levanta questões éticas significativas. Essas questões incluem o impacto da IA no mercado de trabalho, a possibilidade de discriminação e viés nos algoritmos, preocupações com a privacidade dos dados, a segurança relacionada ao uso da IA, e a responsabilidade pelos danos causados por sistemas de IA. Um exemplo marcante veio de um evento do MIT, onde um participante russo apresentou um chatbot que, questionado sobre como assaltar um banco, forneceu informações práticas para tal ação. Este exemplo destaca o desafio de alinhar ações da IA com intenções humanas éticas.
A complexidade de ensinar ética às IAs e a necessidade de uma discussão ampla sobre o tema são fundamentais. Há a necessidade de considerar vieses em vários níveis, desde a programação do algoritmo até o contexto social em que a IA é aplicada. Essa abordagem coletiva é crucial para garantir decisões justas e adequadas por parte das IAs.
Em resumo, o uso da IA no recrutamento e seleção é uma ferramenta poderosa que oferece tanto oportunidades quanto desafios significativos. Enquanto a IA pode melhorar a eficiência e eficácia dos processos de recrutamento, ela também levanta questões éticas complexas que precisam ser abordadas com cuidado e consideração. A colaboração entre humanos e tecnologia, que se estende desde as invenções mais simples até as mais complexas, continua a evoluir, e a IA no recrutamento e seleção é apenas o mais recente capítulo nesta longa história de parceria.
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