Maternidade e inteligência emocional no ambiente de trabalho
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Por Fernando Mantovani
Tenho observado que, nos últimos anos, as comemorações em torno do Dia das Mães ultrapassaram a pauta das homenagens relacionadas aos aspectos pessoais da maternidade. Felizmente, passaram a valorizar também o lado profissional dessas mulheres.
Se antes o mercado de trabalho discutia como era possível separar o lado profissional e pessoal das mulheres que são mães, atualmente, o ambiente corporativo tem voltado a atenção para a importância do equilíbrio entre maternidade e carreira. Afinal, ambas as experiências podem se integrar e agregar de maneira significativa para o desenvolvimento das profissionais e, como consequência, para o crescimento das empresas.
A geração de valor a partir da maternidade também é notória no mercado de trabalho pelo debate das chamadas soft skills que são desenvolvidas ou aperfeiçoadas com essa experiência. Em um recente levantamento realizado pela Robert Half, no LinkedIn, a inteligência emocional foi apontada por 66% dos participantes como a soft skill mais aprimorada pelas mulheres que são mães. O senso de urgência foi outra importante habilidade destacada pela enquete; seguida de comunicação e oratória; e trabalho em equipe. Aqui, é válido frisar que o desenvolvimento dessas habilidades trazem diferenciais competitivos para as profissionais e benefícios para as empresas que as valorizam.
Como líder e profissional, tenho notado que essas soft skills estão em voga no mercado de trabalho e são tão importantes quanto as hard skills em um processo seletivo e ao longo de toda a carreira das mulheres. Costumo dizer que é bem mais difícil ensinar um funcionário a lidar emocionalmente com um desafio profissional do que orientá-lo a utilizar um sistema, por exemplo. Além da valorização dessas características, as empresas têm o papel predominante de prestar apoio e segurança para que as mulheres exerçam suas jornadas como profissionais e mães. Com base nisso, compartilho alguns pontos importantes para que essa seja uma prática na sua companhia:
1 - Licença parental
Algumas empresas têm adotado esse tipo de licença, que é válida tanto para a mãe quanto para o pai, em um período que pode variar entre 4 e 6 meses, independente do gênero. Além de colaborar para o vínculo entre os cuidadores e a criança, esse modelo tem se mostrado como um fator relevante de atratividade e retenção de profissionais, aspecto que não pode ser negligenciado neste cenário acirrado de disputa por talentos pelo qual passamos. Outro benefício é afastar as empresas de vieses inconscientes no processo de escolha de contratação entre um homem e uma mulher.
2 - Treinamento de lideranças
É importante investir na qualificação constante dos membros da liderança, pois esses profissionais desempenham um papel estratégico de mentoria para o desenvolvimento de carreira e apoio direto às profissionais-mães. Sempre reforço a importância do envolvimento das lideranças em qualquer processo da empresa. Dessa maneira, é necessário que saibam identificar e valorizar as soft skills que são desenvolvidas ou aprimoradas com a maternidade, bem como orientar as mães para a integração entre essas características e as hard skills.
Índice de Confiança Robert Half
O ICRH monitora o sentimento de recrutadores, profissionais empregados e desempregados com relação ao mercado de trabalho e economia atualmente e para os próximos seis meses.
3 - Estímulo à equidade de gênero
Prestar apoio para o desenvolvimento de mulheres que são mães colabora também para a promoção de iniciativas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) no mercado de trabalho. De acordo com a 19ª edição do Índice de Confiança Robert Half, na visão dos profissionais, os três principais benefícios da igualdade de gênero no ambiente corporativo são: pensamento mais diverso, melhora no clima corporativo e o fortalecimento da política de atração de candidatos que valorizam a diversidade. Conforme a pesquisa, que foi realizada com 1.161 profissionais, 56% dos entrevistados acreditam que as empresas para as quais trabalham têm políticas claras para promover a igualdade de gênero no ambiente corporativo, o que demonstra que o tema ganha cada vez mais relevância no ambiente corporativo.
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4 - Rede de apoio
As organizações também podem integrar a rede de apoio necessária para as profissionais que são mães, por meio de iniciativas como comitês sobre temas relacionados à carreira e maternidade; ações internas voltadas para essas profissionais; mentoria para o desenvolvimento de carreira, considerando as peculiaridades e demandas dessas mulheres; além do estabelecimento de jornadas flexíveis de trabalho.
Embora ainda tenhamos muito caminho pela frente rumo à equidade de gênero, é inegável que as companhias brasileiras deram uma maior atenção ao tema nos últimos anos e já podemos notar os benefícios de maior diversidade nos resultados e no ambiente de trabalho dessas companhias. Reforço, também, que a iniciativa deve partir de cada um de nós, como profissionais e cidadãos, revendo ações, pensamentos e percepções que temos uns com os outros, na nossa vida e no nosso trabalho. Não tenho dúvidas de que sairemos todos ganhando.
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*Fernando Mantovani é diretor geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar
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