Por Fernando Mantovani

Certa vez, Lee Iacocca, que foi CEO da Chrysler e conhecido por salvar a empresa da falência no início dos anos 90, disse a seguinte frase: “o único modo de conseguir motivar as pessoas é se comunicar com elas”. Eu concordo muito com essa afirmação e acredito que ela é ainda mais importante em momentos incertos como o que estamos vivendo, quando as pessoas caminham para um “novo normal” que ainda está sendo desenhado.

Recentemente, durante um webinar para os alunos do Insper, quando fui questionado sobre quais competências serão importantes no mundo pós-pandemia, a comunicação foi uma das primeiras que me veio à cabeça. Ela é um ponto sensível não só na nossa vida pessoal e profissional, mas também nos processos de uma organização. Inclusive, se você tiver a oportunidade de fazer comparações entre pesquisas corporativas de engajamento, vai notar que as avaliações mais baixas estão relacionadas aos fluxos de informação.

Muitas vezes, o que você diz pode ser compreendido de uma maneira diferente da que você quis transmitir. É uma bagunça que merece alinhamento porque, como lembrou Lee Iacocca, a comunicação adequada tem o poder de influenciar, liderar e engajar. Seja agora ou no “novo normal”, tudo o que uma equipe precisa é de transparência e direcionamentos claros para entender onde estão, para onde vão, como chegar ao destino e quais são os riscos e os ganhos do caminho.

No meu entender, é possível estimular a melhora da qualidade de comunicação dentro de uma organização ao eliminar a cultura do estereótipo, criar canais de diálogo, favorecer a interação e alinhar expectativas, como eu sugeri em outro artigo. A transparência se reflete diretamente no aumento da produtividade e na diminuição do retrabalho, gerando bons resultados e construindo relações.

É claro que apenas se comunicar bem no pós-pandemia não será suficiente para se destacar no mundo corporativo. É preciso considerar algo que tenho visto muito em prática neste período de distanciamento social: a empatia. Quando você se coloca no lugar do outro, fica mais fácil estabelecer laços de lealdade e parceria. Outra habilidade muito importante é o comprometimento genuíno, com brilho no olho, sem se deixar abalar por instabilidades ou pressões externas. De acordo com a 12ª edição do Índice de Confiança Robert Half, na opinião dos recrutadores, as habilidades que passam a ser mais valorizadas por conta da pandemia serão adaptabilidade, resiliência e flexibilidade.

Sei que não é fácil se manter 100% o tempo todo. Afinal, cada um está enfrentando a pandemia dentro de uma realidade diferente. Mas, vivendo um dia de cada vez, procure dar o seu melhor a cada novo expediente, zelando pela qualidade das suas entregas e sem descuidar da sua saúde emocional. Alguém sempre está de olho no nosso desempenho, seja dentro da sua empresa ou fora dela. Foque nisso!

*Fernando Mantovani é diretor geral da Robert Half para a América do Sul