Por Fernando Mantovani

A ideia de que é fundamental respeitar, promover e garantir a igualdade de gênero no ambiente corporativo está bastante difundida, felizmente. Se existem organizações que pregam o contrário, certamente são uma minoria. Afinal, a opinião pública tem sido implacável, com marcas associadas a casos de preconceito (pré-julgamento) e de discriminação (ação injusta) com trabalhadoras.

O xis da questão, agora, é saber se o discurso tem sido acompanhado de práticas efetivas em prol de melhorar a inserção feminina nas empresas. Melhorias concretas envolvem ampliar as oportunidades, reparar injustiças e realizar ações que viabilizem a contratação, o reconhecimento e a ascensão delas na mesma medida que a força de trabalho masculina.

Quebrando mitos sobre liderança e gênero

Ao longo do mês de fevereiro, a Robert Half conduziu uma sondagem sobre este tema. Para tanto, foram ouvidos 774 profissionais (recrutadores e empregados qualificados), com o intuito de mapear a percepção sobre a diminuição da desigualdade de gênero no mercado de trabalho. Os dados obtidos na pesquisa deixam claro: empresas e funcionários percebem avanços importantes.

Entre as organizações entrevistadas, 48% delas consideram ter avançado na agenda de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) no último ano. Desse total, 30% acreditam que as conquistas foram significativas. Quanto ao público-foco das políticas de DEI, a distribuição se deu da seguinte forma: Mulheres (73%), LGBTQIA+ (68%), Pessoas pretas (62%), PCDs (59%) e Pessoas 50+ (37%).

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As empresas engajadas na equidade de gênero vêm aumentando gradativamente. De acordo com a pesquisa,         58% delas contam com políticas claras para promover a igualdade no ambiente corporativo. O número representa um acréscimo de 3 pontos percentuais em relação ao último levantamento, realizado em fevereiro de 2022. No início de 2021, essa porcentagem estava abaixo de 40%. É uma conquista e tanto se considerarmos que o salto ocorreu em um período de dois anos.

De 2022 para cá, 65% das empresas disseram ter aumentado a participação de mulheres em cargos de gestão. Elas também observaram benefícios relevantes advindos das políticas dedicadas a aumentar a participação feminina. Os três pontos mais citados foram “gestão mais humanizada” (65%), “pensamento mais diverso” (62%) e “melhora no clima corporativo” (39%). É bom lembrar que a gestão mais humanizada é uma decorrência da própria diversidade, e não do mito de que mais mulheres no escritório aumentam o nível de benevolência, gentileza e humildade.

A visão dos profissionais sobre a equidade de gênero também é positiva. Para 60% dos entrevistados, suas empresas têm políticas claras para promover a equidade de gênero no ambiente corporativo. Além disso, no último ano, 59% dos profissionais ouvidos na sondagem enxergaram aumento na participação de mulheres em cargos de gestão na companhia em que atuam.

Como contribuir para a equidade

Aprimorar a equidade de gênero depende de esforços individuais e da empresa. Cada um de nós, individualmente, contribuímos para a busca da igualdade entre homens e mulheres adotando medidas como:

  • Combater a crença de que existe um “jeito feminino” de trabalhar. Cada profissional é único;
     
  • Aprender a escutar e respeitar as mulheres, evitando a posição daquele que sabe mais e tem mais experiência profissional por ser homem;
     
  • Fugir de estereótipos que associam a maternidade a menor rendimento ou maior vulnerabilidade no trabalho;
     
  • Conscientizar-se de que não ter filhos não é passe livre para impor tarefas e cargas horárias mais pesadas às colaboradoras nesta condição;
     
  • Priorizar a indicação de oportunidades e vagas para profissionais mulheres e que apresentam perfil adequado ao desafio.

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Por parte das organizações, há inúmeras iniciativas possíveis. A pesquisa da Robert Half identificou várias delas, com destaque para oferecer mais educação ou treinamento de funcionários sobre DEI. Quanto mais conhecimento e estímulo os colaboradores tiverem nesse sentido, mais preparados estarão para superar estigmas e reconhecer as vantagens de um ambiente rico em diversidade.

*Fernando Mantovani é diretor-geral da Robert Half para a América do Sul