O cenário de cibercrime está se tornando cada vez mais proeminente, superando inclusive a lucratividade do tráfico de drogas em uma escala global. Matheus Jacyntho, diretor de cibersegurança da Protiviti, destaca a necessidade de abordar a prevenção de fraudes em duas vertentes cruciais: a técnica, que envolve equipamentos, softwares e processos, e a humana, dada a vulnerabilidade intrínseca dos indivíduos no contexto da cibersegurança.
Dentro dessa dualidade preventiva, as empresas têm o dever de cultivar uma consciência aguçada em seus colaboradores, que se tornaram a primeira linha de defesa das corporações, especialmente em um período pós-pandêmico, onde a mudança abrupta para o regime de teletrabalho expôs ainda mais as falhas de segurança.
A pandemia, que impeliu 95% dos profissionais a trabalharem de suas casas, desencadeou um conjunto de desafios para os departamentos de TI, que tiveram que equilibrar os três pilares da cibersegurança: confidencialidade, integridade e disponibilidade. Esta última vertente foi drasticamente ajustada para acomodar as demandas do novo normal, dando origem a uma complexidade acrescida de garantir a segurança na esfera domiciliar dos colaboradores.
As iniciativas de sensibilização surgem como meios estratégicos para mitigar riscos, atraindo o interesse de profissionais de todos os níveis hierárquicos. Maria Sartori, diretora associada da Robert Half, observa um crescimento exponencial na busca por especialistas em cibersegurança, marcando uma era de maior consciência da gravidade dos riscos cibernéticos.
No entanto, a conscientização é um terreno complexo, e os métodos tradicionais de treinamento muitas vezes não ressoam com os colaboradores, tornando-se tediosos e desconectados da realidade deles. A inovação emergiu como resposta, incorporando estratégias de engajamento dinâmicas, como séries leves e informativas, e conteúdos inspirados em youtubers, alinhados com a linguagem e os padrões de consumo das gerações mais jovens.
A estratégia de prevenção se estende para além da conscientização, focando na identificação e proteção das áreas-chave mais visadas dentro de uma corporação, incluindo setores administrativos e financeiros, bem como executivos de alto nível. O uso perspicaz das informações disponíveis em plataformas como o LinkedIn pelos criminosos cibernéticos destaca a necessidade de uma atenção redobrada às configurações de privacidade e ao manejo de informações profissionais na internet.
Além disso, é notório que os ataques cibernéticos não se limitam apenas às estratégias de phishing e engenharia social; a suborno direto de colaboradores tornou-se uma realidade perturbadora, com quadrilhas oferecendo somas significativas em troca de credenciais de acesso. Neste cenário complexo, soluções tecnológicas robustas surgem como aliadas, permitindo o monitoramento e bloqueio de ações suspeitas, ao lado de investigações forenses destinadas a rastrear os responsáveis por violações de segurança.
A evolução da cibersegurança na era pós-pandêmica enfatiza não apenas a implementação de medidas preventivas robustas mas também a preparação para responder prontamente quando, e não se, ocorrer um incidente de segurança. A criação de posições focadas na simulação de ataques representa uma mudança significativa na abordagem da cibersegurança, direcionando para uma postura mais proativa e resiliente.
Conforme as empresas se voltam para soluções cada vez mais sofisticadas, enfrentando dificuldades crescentes para invadir sistemas corporativos protegidos, torna-se evidente que a cibersegurança não é uma responsabilidade isolada de uma única equipe, mas uma missão que permeia toda a estrutura da empresa. Não é mais uma exclusividade do departamento de TI ou de uma iniciativa isolada de treinamento do RH, mas um mandato abrangente que envolve cada indivíduo e cada nível da gestão corporativa.
Diante desse quadro complexo e desafiador, é imperativo cultivar uma cultura corporativa que integre a cibersegurança em cada aspecto de sua operação, fomentando uma abordagem colaborativa e multidisciplinar para garantir não apenas a segurança dos dados e sistemas corporativos, mas também para preservar a confiança e o bem-estar de seus colaboradores.
Ao equilibrar ferramentas técnicas sofisticadas com uma conscientização humana profunda, é possível forjar uma linha de defesa dinâmica e resiliente, apta a navegar no ecossistema digital cada vez mais volátil e incerto de hoje. A jornada para uma cibersegurança robusta é contínua e evolutiva, exigindo a integração sinérgica de estratégias técnicas e humanas para proteger os ativos mais preciosos de uma empresa: seus dados e, mais importante, seu povo..
Robert Half Talks
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