‘Mistura geracional é a grande novidade do mercado de trabalho na atualidade’
Por Fernando Mantovani
O ser humano está vivendo mais do que as gerações de algumas décadas atrás. Isso é fato. Na década de 1940, quando a CLT foi promulgada, a expectativa de vida do brasileiro era de 45 anos. No mundo do trabalho, na maioria das vezes, a pessoa vivia apenas um ciclo de carreira, sem espaço para voos mais ousados.
A importância da requalificação para uma carreira longeva
Se por um lado, hoje, o tempo de vida espichou – algo em torno de 76 ou 77 anos de idade, com tendência a subir –, por outro, os ciclos profissionais encolheram. Requalificar-se e acessar mercados diferentes se tornou corriqueiro, como lembrou Sérgio Serapião, CEO da Labora, uma plataforma de promoção da diversidade geracional (50+), em episódio do podcast Robert Half Talks.
Segundo ele, sobretudo a correlação entre idade e nível hierárquico se rompeu, sacudindo o organograma das empresas. Para se ter uma ideia do que isso significa, no ranking das “Tendências de gestão de pessoas”, divulgado anualmente pelo Great Place To Work (GPTW), o grupo que recebe menos atenção é o de pessoas 50+, e o resultado disso é que apenas 3% a 4% da força de trabalho está no 55+. Hoje, um diretor pode ter 50 anos de idade, mas é comum que também possa ter somente 30. “Essa mistura geral é a grande novidade do mercado de trabalho na atualidade”, sentencia Serapião.
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“O conflito geracional é um tema que começou a fazer parte do dicionário das empresas a partir de quando se passou a falar sobre ESG [Meio Ambiente, Social e Governança, em português] e, dentro disso, sobre o tema diversidade. Um dos pilares da diversidade é o etarismo, que é um problema que vai se acentuar e se tornar mais sério com o passar dos anos”, afirma Fernando Mantovani, diretor geral da Robert Half.
O mais recente índice de confiança divulgado pela Robert Half mostrou que a maior preocupação é com a limitação da quantidade de mão de obra qualificada que permanece ativa no mercado de trabalho. “A taxa de desocupação entre os mais velhos é de 3,5%, muito baixa”, comenta Mantovani. Mesmo assim, o relatório do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) indica que mais de 700 mil profissionais com mais de 50 anos perderam seus empregos durante a pandemia.
Segundo Mantovani, as pesquisas mostram a dificuldade de encontrar profissionais qualificados e, ao mesmo tempo, que muitos deles apresentam gaps de capacitação que dificultam a recolocação no mercado. “Tratar desse assunto agora, apesar de não ser o primeiro tema quando se fala de diversidade e inclusão, é antecipar a solução de um problema que é iminente e não tem volta. Vai acontecer”, completa.
População envelhece
Etarismo, idadismo ou ageísmo precisa ser debatido. Em 2021, a Organização das Nações Unidas (ONU) classificou a discriminação por idade como um desafio global. Quatro de suas agências e fundos, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgaram um relatório conjunto estimando que uma em cada duas pessoas no mundo tenha atitudes discriminatórias que pioram a saúde física e mental de pessoas idosas e reduzem sua qualidade de vida.
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Só que o Brasil do futuro mudou. O número de pessoas com mais de 60 anos no País já é superior ao de crianças com até 9 anos de idade.
O despertar das empresas para a inclusão do público 50+ reflete toda essa realidade de aumento do contingente de idosos no Brasil. Estima-se que, em 2060, o percentual de idosos acima de 65 anos de idade no País ultrapasse os 25%, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Hoje, 14,7% da população já tem mais de 60 anos, fruto de um crescimento, entre 2012 e 2021, de 39,8%, o que representa 31,2 milhões de pessoas 60+. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que 40,3% dos brasileiros serão idosos daqui a 90 anos e que os menores de 15 anos não passarão de 9% da população.
Robert Half Talks
Lançado em outubro de 2021, o Robert Half Talks está disponível nas principais plataformas de áudio e agregadores de podcasts. Em um bate-papo inteligente e descontraído entre headhunters da companhia e grandes nomes do mercado, o Robert Half Talks será uma atração quinzenal, com o objetivo de levar aos ouvintes discussões relevantes sobre o futuro do trabalho e dicas de como se adaptar a um mundo em constante transformação.
Mais informações sobre o Robert Half Talks você confere em: Podcast: Robert Half Talks | Robert Half