Intergeracionalidade: navegando pelo mercado de trabalho na maturidade profissional
O mercado de trabalho atual é caracterizado por uma série de preconceitos, sendo um dos mais predominantes relacionado à idade. Profissionais mais experientes, particularmente aqueles que estão no topo da pirâmide organizacional, enfrentam obstáculos na busca por novas oportunidades de trabalho. Este fenômeno não se refere somente ao viés de idade, mas também à dinâmica econômica: um profissional experiente geralmente custa mais para a empresa.
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A intergeracionalidade tem sido muito debatida no ambiente de trabalho. Porém, são poucas as empresas que realmente tomam medidas concretas nesse sentido. Trata-se de um tema relativamente novo, já que gerações anteriores conseguiam se aposentar de forma satisfatória. Hoje, no entanto, vivemos mais e, por isso mesmo, precisamos nos atualizar continuamente por um período maior.
Estudos europeus indicam que, hoje, profissionais mais experientes estão dispostos a aceitar remunerações menores. No entanto, a questão não é simplesmente aceitar um salário menor, mas a necessidade de desvincular a expectativa salarial atual do maior salário recebido ao longo da carreira.
Esse é um momento de transição que exige abertura para encarar uma nova fase, o que pode ser um desafio para muitos. Basta observar o que acontece no esporte. O exemplo de Michael Jordan é emblemático. Quando se aposentou do basquete, nos anos 90, o astro da NBA tentou se aventurar no baseball e no golfe, mas teve resultado fraco em ambos.
O embate
Muitos profissionais atribuem a necessidade de um salário alto aos altos custos de vida. Essa, no entanto, é uma problemática individual — e não uma responsabilidade da empresa. Por outro lado, as empresas frequentemente resistem a oferecer salários menores a profissionais sêniores, com passado com altos cargos, com receio de perde-los rapidamente para ofertas mais atraentes.
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Essa dinâmica, porém, talvez seja insustentável no longo prazo, o que exige um redesenho do mercado de trabalho. As carreiras foram originalmente projetadas para sempre proporcionar ascensão e aumento salarial ao longo do tempo. Para resolver esse impasse, as empresas precisarão criar um ambiente propício para a convivência de diferentes gerações, além de educar seus colaboradores a respeito dessa nova realidade.
Como agir?
Do ponto de vista do profissional, é essencial buscar atualização contínua, extrapolando os limites de sua área de formação. Por exemplo, um profissional de marketing deve buscar conhecimento sobre tecnologia e dados, uma abordagem que contraria o ensino tradicional de focar 100% na própria área de formação.
O mundo mudou e, hoje, há uma maior interdisciplinaridade no mercado. Autores contemporâneos argumentam que os profissionais, em algum momento, terão uma segunda carreira, talvez até voltando à universidade para iniciar um novo capítulo em suas vidas numa idade mais avançada — talvez bem depois dos 40 anos.
É crucial que o profissional entenda que sua remuneração tende a cair em algum momento. Novamente, cabe uma comparação com o esporte. Por exemplo, um jogador de futebol que se aposenta na casa dos trinta e poucos anos enquanto sua expectativa de vida é 80 ou 90 anos. Ele precisará se reinventar.
Assim como o jogador, o profissional de mercado necessita de um planejamento financeiro robusto para enfrentar essa transição. Sim, é uma situação complexa, mas requer planejamento financeiro adequado, seja você um jogador de futebol ou executivo.
Lançado em outubro de 2021, o Robert Half Talks está disponível nas principais plataformas de áudio e agregadores de podcasts. Em um bate-papo inteligente e descontraído entre headhunters da companhia e grandes nomes do mercado, o Robert Half Talks será uma atração quinzenal, com o objetivo de levar aos ouvintes discussões relevantes sobre o futuro do trabalho e dicas de como se adaptar a um mundo em constante transformação.
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